domingo, 26 de julho de 2009

A LOBA LOUCA EM:

A LOBA LOUCA
Primeiro deixa eu me apresentar: Não uso drogas, pois já nasci sob o efeito delas, mas tenho uma queda por uísque, aí...
A festa foi indicação de uma amiga que mesmo não podendo me acompanhar disse que eu não poderia deixar de ir. Fui.
Cheguei e corri para o bar, meu lugar de refúgio quando estou deslocada.
- Uma dose de uísque, por favor.
- Água e gelo?
- Onde?
- No uísque.
Qualquer tipo de comunicação com os homens é sempre complicada, principalmente barmens.
- Puro, por favor.
Peguei o copo, me virei para a festa e lá estavam eles. Os mesmos. Os de sempre. Os comuns que se acham o máximo. Suspirei. E antes mesmo que o suspiro terminasse o primeiro apareceu.
- Oi. Tá sozinha?
Ai que vontade de gritar.
- Sim, estou.
- E o que uma gata como você está fazendo aqui sozinha?
Tive vontade de responder: “Não sou uma gata. Sou uma loba.”, mas fiquei com medo que ele me confundisse com a Alcione.
- Tentando me divertir.
- Posso te ajudar?
- Se você ficar só nas perguntas, não.
- Nossa. Você é sempre assim? Direta?
- Tchau.
Virei as costas e fui para a pista fazer aquilo que melhor sei fazer quando estou no meio deles: bancar a doida. Com o copo na mão erguida e os olhos fechados comecei a dançar. Dancei em coreografias absurdas e quando abri os olhos a pista estava fazia e quase todos me olhavam. Não dei a mínima, comecei a rir sozinha, feliz por não ser como eles. Foi quando o segundo apareceu. Meio sem jeito, mas determinado, ele foi se chegando, tentando me acompanhar nos passos. De repente, ele chegou no meu ouvido e disse: “Você parece uma loba.” Levei um susto tão grande que parei a dança imediatamente, estática, olhei bem nos olhos dele e o empurrei contra a parede tascando lhe um beijo. Procurei a orelha dele com a minha boca e mandei: “Vamos para o meu apartamento agora.”
- Mas já?
- Oi?
- Por que a pressa?
- Como “por que a pressa”? Existe alguma coisa aqui que seja melhor do que ir pra cama comigo?
- Mas a gente ainda nem se conhece.
Virei as costas e voltei para o bar.
Não sou, nem de longe, ninfomaníaca ou algo parecido, mas francamente eu seria o melhor presente que aquele sujeito teria recebido em toda a vida dele e ele queria o que? Conversar?
Sentei no bar e repeti o pedido:
- Uma dose de uíque. Puro, por favor.
Dei o primeiro gole e o cara reapareceu na minha frente.
- O que é que vocês, mulheres, querem afinal?
Passou tanta coisa pela minha cabeça, e eu sabia que nada do que eu dissesse seria entendido por ele, que pensei em, mais uma vez, virar as costas e ir embora. Mas uma loba jamais perde uma briga.
- Escuta bem, querido, porque eu não vou repetir. O que as mulheres querem pouco me importa, ok? O que eu quero é um bom sexo de qualidade e um cafuné no final. Eu não quero uma conversinha fiada depois da transa, eu não quero trocar telefone e muito menos adicionar você no orkut como garantia de um próximo encontro. E como você já deixou claro que não será capaz de atender aos meus requisitos, dê meia volta e saia da minha frente.
O barmem assisitu a tudo como uma senhora diante da novela das oito. Peguei o meu maço de cigarro e quando esta prestes a acender:
- Não pode fumar aqui dentro.
Voltei para casa com meu cigarro aceso pensando em quem me faria companhia até o amanhecer. Entrei numa dessas lojas de conveniência num posto de gasolina e comprei uma garrafa de uísque.
Beijos e até a próxima.

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